domingo, 26 de setembro de 2010

Birthday



"Querido Diário, meu aniversário esta próximo... Farei quinze anos daqui a uma semana, como esperei por isso, como esperei fazer 15 anos, sabe o quanto isso é importante pra mim? Vestido, salão... E o refletor estará em cima de mim pelo menos... por um dia! Vai ser mágico, verdadeiramente um conto de fadas, talvez não como os tantos que eu sonhei, porque ele eram apenas ilusões, mas este será um dia real, e mesmo assim mágico... pelo menos pra mim..."

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Ela sempre achou que quando fizesse seu décimo quinto aniversário seria diferente dos outros... diferente de tudo. Isso porque a sua mamãe sempre planejou seus quinze anos, desde que ela se entendia por gente — lá pelos três anos , isso porque era a caçula, ultima filha e a unica que realizaria o sonho da sua querida mãe de planejar a festa dos sonhos, para a "princesinha da casa". Mas a princesinha cresceu, talvez ela não perceba, talvez ninguém perceba... E ela mais não aproveitou como devia certas fazes da vida, porque foi criada de maneira diferente e se privou muito de certas coisas. E quando o relógio badalou dando exatamente meia noite e o tão esperado dia chegou ela não sentiu nada, alguns parabéns, telefonemas, presentes... mas por que ela se sentia tão vazia por dentro? A resposta era obvia, o futuro não tinha sido como planejado, sua vida mudou de cabeça para baixo, mesmo que exteriormente tudo parecesse normal. O fato era que o futuro pregou-lhe uma peça, nela e em sua mãe. No decorrer no tempo aquela menininha teve perdas, e uma maior que todas, e quando ela tentava se levantar, ela caiu de novo... e nada mais tinha importância, ninguém mais... Pelo menos era o que ela achava, até se dar conta que tinha uma coisa em jogo, a história dela, o futuro dela, mesmo que ele não saísse exatamente como ela queria, ela tinha que tentar, e pra isso teria que correr, batalhar e se esforçar para conseguir seu mérito, mas talvez fosse tarde de mais. E agora lá estava ela, jogada em sua cama molhando os lençóis com suas lágrimas silenciosas... E mesmo que ela chorasse o vazio continuava ali, mais do que nunca, preenchendo-a, e nem os soluços do desespero e da dor — da dor interior, que só ela podia sentir  espantaram aquilo, ia continuar ali, para sempre! Mas podia ser amenizado, mas agora ela não tinha cabeça para outra coisa, a não ser para pensar no quanto perdeu, no quanto perdeu tempo enquanto achava que um dia algo que mudaria sua vida iria cair do céu. "Por que eu não agi antes?", "Por que eu não vi antes?", "Por que tudo isso teve que acontecer comigo?", "Por que Deus não me ajudou?", "Por que eu não me ajudei?", "Por que eu não aproveitei as coisas? As chances..." . Agora não dava mais tempo, ou ela ficava ali, chorando pelo leite derramado, pelo leite que ela deixou que derramasse... Ou levantaria a cabeça, enxugaria aquelas lágrimas e a partir dali, aos seus quinze anos tentaria mudar o que tinha acontecido com parte dela ou voltaria a deixar-se cair pela peça que a vida lhe dava.... mais uma vez!

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