Sítio.

Eu sinto falta do cheiro do mato molhado pela chuva ao entardecer.

Sinto saudade de ver a areia do ramal de areia fina ficar no ar enquanto passávamos de carro.

Saudade das cercas de arame enfarpado apoiados por estacas de madeira que separavam fazendas

Saudade de sentar na cadeira e ver o sol caindo por de trás dos topos de árvores.

Vontade de andar na curta e estreita trilha antes do igarapé de água cristalina

Saudade de escutar os grilos e sapos cantando

e de ver os mesmos as vezes a fazer visitas dentro da nossa simples casa de dois cômodos e um banheiro

Da rede pendurda ao lado da janela que era vista para um céu estrelado à luz do luar, e que belo luar.

Parecia que até a noite ficava mais bonita naquele lugar

Vontade de tomar banho de chuva e de sentir a grama fria em baixo de meus pés descalços

Saudade do achocolatado no fim da tarde

E do açaí de quintal batido na hora.

Saudade até mesmo de me sentir sozinha na noite escura enquanto todos dormiam...

Do sol quente batendo nas árvores e das noites frias com Lua cheia clareando a rua sem luz.

Da sombra das árvores enquanto corria a brincar de pira-pega

Das aventuras incessantes por dentro de terrenos alheios

Vontade de andar e correr pelo ramal

De dormir no colchão duro com braços protetores a minha volta

Saudade as caças por dentro de trilhas

E da inocência que ainda havia naquele tempo.

E só agora... quando sinto o vento batendo no meu rosto e percebo que o tempo passou, que tudo mudou e que minha vontade de ir a este lugar se foi...assim como você! E se eu pudesse... voltaria no tempo e faria tudo com mais vontade, dando valor a tudo e todos... a cada instante, mais intensamente, com mais amor.

Agora só resta a saudade do que passou.